Tenho pensado esses dias sobre minha MATERNIDADE.
Minha constante preocupação com meu filho ainda pequeno, não só do ponto de vista de saúde e desenvolvimento, mas também sobre que experiências e vivências ele levará da infância que eu o proporcionei. Acho que NUNCA contei aqui para vocês como foi minha infância, as lembranças, traumas e algumas coisas que, se eu estivesse no comando não teriam acontecido comigo, e com ainda mais cautela tenho pensado e estudado a melhor forma de EDUCAR o meu filho.
Já tenho achado tudo muito diferente do que eu vivi na minha fase de criança; eu vivia na rua, cabelos ao vento, roupas sujas de terra, pés descalços e a alma livre. ( em relação a segurança levei mais vantagem do que meu filho, pelo menos nisso) .Tínhamos amigos aos montes, na escola, na vizinhança, na igreja. A vida acontecia do lado de fora de casa sem tantos medos. Claro que tenho percebido que hoje em dia não é mais assim; as pessoas têm medo da rua, não temos mais segurança. As famílias têm poucos membros, é bem comum os filhos serem até únicos; os primos moram longe e os vizinhos mal se conhecem.
Nós, pais, estamos sempre cansados, exauridos do trabalho, e quando chegamos em casa o que mais queremos é que as crianças estejam entretidas com alguma coisa que não nos solicite. Elas nos vêem com celulares, tablets ou na frente de computadores e televisores, então é natural que também se interessem pelos eletrônicos. Vira fácil ceder , porque nós ficamos sossegados por algumas " horinhas" ( se é que isso pode ser vantajoso).
Seus cérebros ainda tão imaturos para absorver tantas luzes, movimentos, estímulos! E quando percebemos, eles estão baixando joguinhos, vendo coisas que não imaginávamos que estariam tão acessíveis a eles, conteúdos impróprios, pesados, violentos ( confesso que sou neurótica com isso, me causa medo pensar nas consequências) ou até pornográficos. Dura realidade, mas é a pura verdade.
Em outra esfera vemos que nós pais, fadigados da tão dura árdua tarefa das responsabilidades, perdemos por vezes o nosso auto controle e descontamos nos nossos filhos coisas que nem nós mesmos estamos conseguindo suportar. E nesse percurso se perde respeito, se perde domínio da língua e muitas vezes a da mão ( o que é preocupante, bater nunca foi a melhor solução). O que fazer ? Porque bater ? Porque eu , como mãe, devo lavar as mãos para a educação do meu filho ? Porque tenho que criá-lo só porque é minha obrigação e não a faço por amor?
E dai vem a cascata de desarranjos com o seu filho no futuro e você culpa os bombardeios de atitudes erradas deles sem olhar para trás, culpa por ele ser quem é pelas propagandas dos canais infantis, pela internet, porque você deu sempre o “tênis que todo mundo tinha” ou a “mochila do personagem do filme atual”.
E se ele apresenta problemas de saúde por velhos hábitos alimentares, mais uma vez você culpa as propagandas e a modernidade de dar leite artificial, iogurtes cheios de açúcar, salgadinhos infantis, bolinhos e bolachas cheias de gorduras trans, o “ovo que vem com um brinquedo " porque é isso que eles querem comer ou porque a embalagem é bacana, porque o açúcar vicia o paladar, porque
todo mundo na escola come. E assim vamos criando um exército de mini- desculpas que você poderia ter resolvido desde o inicio. Você apenas não enxergou o seu filho com a pedagogia da sensibilidade durante toda a vida. Ai seu filho cresce e você grita com ele em alto e bom som falando : “só-come-bobagem-não-sai-de-cima-do-sofá” ( Isso quando palavras pejorativas não estão no meio e tornam a situação muito mais delicada).
É sobre esta triste e massacrante realidade que tenho refletido e que quero longe da minha família. Eu não vou mentir que crio várias listas na minha cabeça do que devo fazer ou não com o meu filho, onde ainda perdoou o meu pecado para com ele e quando o acho imperdoável. Eu sou a melhor mãe que posso ser, mas isso não quer dizer que não falho. E como falho e as vezes me culpo por isso. Mas sou sincera a dizer, eu ODEIO falhar com meu filho, e faço de tudo para que ele seja MELHOR DO QUE EU. Sei que meu filho precisa tomar sol, brincar em área aberta com espaço para correr, jogar bola, pular corda, descer no escorregador, brincar de pique-esconde, que ele precisa gastar suas energias, exercitar seus músculos, desenvolver suas habilidades físicas, precisa de contato com outras crianças: criança gosta de criança, mesmo que não seja da mesma idade. Precisa de período de descanso e ócio. Trabalho infantil continua sendo crime, Precisa de restrição de TV e tecnologia: dizer que eles nunca mais vão pegar no celular e assistir TV é uma ilusão, mas podemos e devemos colocar horários bem definidos para este tipo de distração.Ter rotina: crianças com rotina são mais calmas. Elas sabem o que virá no decorrer do dia; hora para acordar, para tomar café, brincar, descansar, fazer as refeições, as atividades da escola, hora para dormir.Contato com livros: ler é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, da escrita, da imaginação, da criatividade.Contato com animais e natureza: bichos fazem parte da infância; contato com grama, areia, água da chuva, terra, praia, fazenda, mato, frutas no pé. Em um mundo onde os recursos naturais estão se esgotando, aprender a cuidar e a amar a natureza será fundamental para nossa sobrevivência futura.Alimentos saudáveis: menos sal, menos açúcar, menos comida pronta e processada, mais frutas, verduras, legumes.Tempo com os pais: na era da terceirização da criação dos filhos, estar com eles é um desafio para nós, pais da atualidade.
Não menos importante : Atender suas demandas emocionais, acompanha-los carinhosamente em suas descobertas, participar dos seus cuidados, niná-los, pô-los para dormir, dispender o tempo e estar disponível emocionalmente. Eles precisam de nós mais do que imaginamos.
É isso que desejo para meu filho, mas também enfrento os desafios e obstáculos para tal, só que eu não desisto e ajudo quem também não quer desistir por aqui. Nós não podemos errar que recebemos criticas de todos os lados, um erro apenas e nós comparam com uma mãe totalmente sem amor. Estamos todos aprisionados em um modelo de sociedade e vivência que se formos nos deixar ir no automático, fatalmente teremos em casa crianças desinteressadas pela vida lá fora. E o tempo não volta mais.
Quando eu recebi o positivo, eu lembro bem : Eu não queria ser a melhor para ninguém, eu queria ser a melhor para o presente que Deus havia me dado. Afinal, o que seria ser mãe ? Reflitamos.