Pensei que menos tempo na chuva me faria ficar menos molhada, e até
mesmo chegaria onde eu queria menos ensopada. Menos tempo na chuva... Ah! ... Menos
tempo na chuva pode ser ilusório!
Então enquanto corria tinha um moço na calçada gastando a
água que não tinha,limpando o chão com uma mangueira. A chuva vinha e estava
prestes a modificar todo o cenário daquele moço limpando sua calçada.
Talvez
trouxesse de volta toda sujeira que ele estava tirando, ou lavaria outra vez o
que ele acabou de lavar. Talvez a chuva não nos cause tantos danos quanto as
folhas que poderiam voltar para as calçadas.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar
não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris seria em tons de cinza.
Deixa
acontecer! Ainda pior que a convicção de
um não , ainda pior que a incerteza de um talvez, é a desilusão que um "quase" nos traz.
“A chuva não caiu! Quase caiu.
Nada aconteceu!
E nem as
folhas que sujariam as calçadas foram trazidas pelo vento.
Esperei o nada. O nada que não ilumina, não
inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro
de si.
Chuva,caia! Quero me molhar, quero me ensopar. ”
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos
dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel
por essa maldita mania de viver no outono que pergunto-me, às vezes, o que nos
leva a escolher uma vida morna?
Antes eu pressentia a chuva, agora contento-me em molhar-me dela.
Deixa essa chuva molhar.
Deixa essa chuva molhar.
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