22 fevereiro 2016

Método BLW - comida picada ao invés de papinha

A expressão em inglês pode parecer complicada, mas é até provável que você já tenha praticado algo parecido com seu filho ou conheça alguém que o faça, por puro instinto. O método BLW teve o nome criado pela agente de saúde britânica Gill Rapley, autora do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby to Love Good Food (Desmame Guiado pelo Bebê: Ajudando seu Filho a Amar Boa Comida) e tem ganhado cada vez mais adeptos pelo mundo. 





Consiste em oferecer a comida em pedaços e permite que o bebê se sirva sozinho.
A ideia principal é deixar que eles se sentem à mesa e participem das refeições familiares já a partir dos 6 meses de vida. Legal né ? Os pais colocam os alimentos cortados ao alcance e eles escolhem quando e como levar os pedaços até a boca. “O método BLW não é novo – muitos pais, do mundo inteiro têm praticado há anos. O que acontece é que agora a prática tem nome”.

A recomendação oficial da Organização Mundial de Saúde é que os pais comecem a oferecer alimentos para complementar a nutrição com leite materno ou fórmula assim que os filhos completarem 6 meses. Os pediatras orientam que essa introdução seja feita com as tradicionais papinhas. Deve-se começar de forma pastosa (papas ou purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. Eu introduzi as papinhas primeiramente, por recomendação da pediatra, e eu como mãe de primeira viagem, assim fiz. Mas concordo que a amamentação é absolutamente dominada pelo bebê, desde os seus primeiros minutos de vida (e isso já vemos). Então, nada mais fisiológico e racional do que seguirmos o mesmo princípio quando, após o sexto mês, iniciamos a oferta de alimentos sólidos. Eles também respondem bem. Não completou nem um mês de alimentação complementar com o Pedro e ele já estava nos sólidos. 

Eu praticava o BLW antes mesmo de saber a nomenclatura. Colocava o Pedro sentado, com os que estavam na mesa, na hora das refeições, e disponibilizava os alimentos apropriados para ele. O pai dele cortava as vezes os alimentos no formato que ele conseguia pegar e levar até a boca sozinho. Cenouras cozidas e cortadas em forma de palitos ( que descobri através do BLW que ele não gosta, por exemplo) ou ramos de brócolis, ( o Pedro até hoje ama brócolis) também cozidos, são boas alternativas. O caráter saudável é uma característica que merece destaque no método.
No início, é esperado que seu filho brinque mais com os alimentos do que coma. Se acontecer, tudo bem! Não se preocupe nem insista. Jamais o obrigue a comer, com promessas ou distrações, muito menos com gritos, castigos ou ameaças. “Dizer a uma criança que ela se alimentou pouco e precisa comer mais é tão absurdo quanto falar que respirou pouco e precisa respirar mais”. Aprendi isso com muita luta e foi lendo um livro. Porque a gente quer que eles comam TUDO. Quem não quer né? Mas é preciso respeitar isso. 

Uma das grandes vantagens do BLW é que ele oferece aos bebês a oportunidade de conhecer diferentes texturas e sabores. A cada refeição, eles vivem experiências novas e desenvolvem a capacidade de diferenciar o que gostam do que não gostam de comer, o que é impossível quando se trata das papinhas, já que os ingredientes estão misturados, dificultando a identificação dos sabores.

Além disso, o método estimula a autonomia desde cedo, já que permite escolher o que, quando e quanto se come. Tava vendo que um estudo publicado pelo British Medical Journal concluiu que bebês que se alimentam sozinhos têm menos risco de se tornarem obesos no futuro, em comparação com os que recebem as papinhas. A explicação que eles dão é que, eles desenvolveriam mais cedo a capacidade de regular o próprio apetite e de identificar o momento em que estão satisfeitos. Sem contar que ganham a chance de praticar a coordenação motora e as habilidades sociais, ao participar das refeições em família. Concordam ou não com a informação ? Eu estou de acordo !
Outro benefício é que a vida também costuma ficar mais fácil para os pais. 

Sobre engasgar, que acho que é uma das perguntas mais ouvidas por quem opta pelo BLW ,o chamado gag reflex, é um reflexo frequente quando as crianças ainda estão se habituando com os alimentos sólidos, a diferença é que, nesse caso, o bebê não fica com a passagem de ar obstruída. Ele apenas se atrapalha algumas vezes, os olhos enchem de lágrimas por alguns instantes, mas ele mesmo consegue manejar o alimento e desengasgar rapidamente.
Mas, para evitar situações de aperto, é importante que os pais não tentem ajudar a criança a comer, segurando o alimento em sua boca. Se ela não consegue fazer isso sozinha, provavelmente, não está pronta para lidar com aquele determinado item de forma segura. Então esteja atenta aos sinais do seu filho. Também é normal que a comida caia no chão, de início, porque a habilidade de levar o alimento ao fundo da boca para engolir se desenvolve depois da capacidade de morder e mastigar.

Os pais dispostos a aderir ao BLW terão uma parte da rotina aliviada, já que não precisarão preparar pratos separados para o bebê, nem dar a comida na boca, por outro lado, terão mais trabalho para limpar o cadeirão e o ambiente onde eles fizerem a refeição. É que a curiosidade dos pequenos pelo alimento não se limita apenas ao toque e à descoberta do sabor. Assim como eles fazem com os brinquedos e outros objetos, também vão atirar o prato e a comida para o chão, por exemplo.

Para facilitar, esqueça o prato pelo menos no começo, o prato desperta na criança tanto interesse quanto os alimentos em si – um dos primeiros impulsos do bebê é virá-lo para olhar o fundo. E lá se vai toda a comida. Limpe bem o cadeirão antes e depois das refeições e disponha o alimento direto na mesinha. E a segunda dica é forrar o chão, onde você colocará a cadeira, com um plástico. Assim, fica mais fácil recolher a sujeira. Mas não se preocupe. Seu filho adora imitar vocês e é um observador atento. Antes do que você imagina, ele vai aprender direitinho. 

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